a) – Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que tudo na Natureza se encadeia e tende para a
unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o
princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se
ensaia para a vida, conforme já dissemos. É, de certo modo, um trabalho
preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio
inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito.
Entra então no período humano, começando a ter consciência do seu
futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos
seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo
depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de
humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por
terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa
há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua
impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a
sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a
grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é
solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for,
sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar da
Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”