a) – De modo que, além de suas próprias
imperfeições de que cumpre ao Espírito despojar-se, tem ainda o homem
que lutar contra a influência da matéria?
“Sim; quanto mais
inferior é o Espírito, tanto mais apertados são os laços que o ligam à
matéria. Não o vedes? O homem não tem duas almas; a alma é sempre única
em cada ser. São distintas uma da outra a alma do animal e a do homem, a
tal ponto que a de um não pode animar o corpo criado para o outro. Mas,
conquanto não tenha alma animal, que, por suas paixões, o nivele aos
animais, o homem tem o corpo que, às vezes, o rebaixa até ao nível
deles, visto que o corpo é um ser dotado de vitalidade e de instintos,
porém inteligentes estes e restritos ao cuidado que a sua conservação
requer.”
Encarnando no corpo do homem, o Espírito lhe traz o
princípio intelectual e moral, que o torna superior aos animais. As duas
naturezas existentes no homem dão às suas paixões duas origens
diferentes: umas provêm dos instintos da natureza animal, provindo as
outras das impurezas do Espírito encarnado, que simpatiza mais ou menos
com a grosseria dos apetites animais. Purificando-se, o Espírito se
liberta pouco a pouco da influência da matéria. Sob essa influência,
aproxima-se do bruto. Isento dela, eleva-se à sua verdadeira destinação.