O necessário e o supérfluo.
715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?
“Aquele que é sábio o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa.”
716. Mediante a organização física que nos deu, não traçou a natureza o limite das nossas necessidades?
“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais.”
717. Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?
“Desprezam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.”
Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A civilização criou necessidades que o selvagem desconhece. Os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara.